Depois de quatro dias intensos e cansativos, chegava a hora de nos recompensarmos a nós próprios com uma escapadinha à capital de Itália – Roma. A nosso favor estava também a previsão de uns dias de sol de inverno bastante agradáveis e a possibilidade de entrada gratuita em muitas das atrações da cidade devido ao facto de ser o primeiro domingo do mês.
A sexta feira começou calma e devagar com um pequeno almoço e preparação da mala para a pequena viagem. Eram pouco menos de 11h quando chegámos à humilde estação de Fabro-Ficulle para apanhar um comboio de 1h40 para Roma (no sentido inverso é possivel chegar a Florença em 2 horas).
Chegados à cidade, a nossa primeira paragem foi mesmo a Casa Cleo, o B&B que tinhamos reservado para estas duas noites. Apesar de poder ser considerado perto da estação de comboios, ainda foram 10 minutos a pé (mal nós sabíamos os quilómetros que faríamos nas 48 horas seguintes…). Desde logo que percebemos que tinhamos feito uma escolha certa a nível de alojamento – Marta, a dona do estabelecimento, permitiu fazer o check-in mais cedo e fez questão de nos desenhar e oferecer um mapa com o que devíamos visitar e fazer. Como se isso não fosse suficiente, também acabou por nos enviar por Whatsapp uma lista de sugestões de restaurantes e bares. Nessa lista incluia o restaurante onde queríamos ter o nosso primeiro almoço – Tratoria Vecchia Roma. Na nossa opinião, é realmente uma muito boa opção. Ambos comemos e aprovámos a especialidade da casa, Bucatini All’Amatriciana Flambé. Até teria sido uma refeição barata se não tivessemos pedido dois copos de grappa envelhecida (que descobrimos no final que custava 8€ cada…). De seguida, fomos a um quarteirão vizinho buscar a sobremesa a uma famosa gelataria – Gelateria Fassi (que saboroso gelado de pistacchio!).
Sendo já 16h, começámos a nossa caminhada até Pincio onde esperávamos ser brindados com uma vista panorâmica de Roma durante o pôr do sol. E assim aconteceu!
Seria de esperar que isto fosse a cereja em cima do bolo e o final deste primeiro dia. No entanto, nós ainda atravessaríamos a cidade inteira nessa noite, passando pela fonte de Trevi, a Igreja de Santo Inácio de Loyola, o Panteão, o Castelo de Sant’Angelo e a praça de S.Pedro. Pelo meio, o jantar foi um tipico supplí (bolinho de arroz com molho de tomate) no Supplizio. No total foram 19 quilómetros caminhados nestas primeiras horas na capital romana…
O sábado estava reservado para visitar o Vaticano, isto é, os vários museus, a famosa Capela Sistina e a majestosa Basilica de S. Pedro. Sendo um país independente de Itália (e o mais pequeno do mundo!), a entrada nos museus não é grátis no primeiro domingo do mês (o engraçado é que fazem a mesma promoção mas no último domingo do mês). O preço fica a 25€ por pessoa (mais 7€ se quiserem um audioguia) mas fiquem a saber que é o sexto maior museu do mundo e nem um dia é suficiente para absorver tudo o que lá podes encontrar. Muito andámos pelas salas que pareciam não ter fim. O nosso veredicto é que mesmo para quem não é grande entendedor de arte, é impossível não ficar maravilhado não só com a grande coleção de artefactos e as obras-primas de famosos artistas renascentistas como Raphael e Michaelangelo, mas também pela beleza dos próprios museus e das suas salas.
À hora de almoço, debatemo-nos pela primeira vez com o problema de excesso de turistas aqui na cidade ao termos de esperar mais de uma hora na fila para comer no Pastaciutta (cadeia de restaurantes de pasta para takeaway que tem ganho alguma fama nas redes sociais). Apesar disso, os pratos de 7€ valem realmente a pena!
Para jantar, dirigimo-nos para a zona de Trastevere (bairro do outro lado do rio Tibre) que nos foi bastante recomendado para encontrar restaurantes e bares. Rapidamente isso ficou evidente através das pequenas ruas recheadas de todo o tipo de estabelecimentos, todos eles com excelente aspecto. Acabámos por parar no Bar San Calisto que é impossivel de ignorar dado o número de pessoas que o escolhe para beber uns copos ao final do dia. A escolha para o jantar não foi tão acertada já que fomos ao restaurante vizinho, a Osteria Nannarella e experimentámos a sua carbonara que não nos surpreendeu…
Fechámos com uma caminhada de volta para o B&B (foram 17 quilómetros neste segundo dia), fazendo questão de passar pelo Coliseu e vê-lo iluminado à noite.
Foi exatamente por aí que começámos o nosso domingo. Chegar as 9:30 já foi claramente tarde para evitar fila na bilheteira, bem pelo contrário visto que esta já dava a volta completa ao Coliseu. Apesar de poder ser justificado pelo facto do bilhete ser grátis neste dia (quando normalmente custa 18€), não podemos deixar de ficar chocados com esta aglomeração de pessoas numa manhã de domingo de fevereiro (que na maioria dos sítios seria considerada temporada baixa de turismo).
Este é obviamente um monumento que fala por si. Dás por ti a pensar nos possíveis episódios que se viveram neste palco e a maravilhar-te com a qualidade de uma construção tão antiga… No entanto, sentimos que a quantidade de visitantes acaba por impactar a experiência e também que os normais 18€ só se justificam se puderes usufruir de tudo o que o bilhete te dá direito (inclui também entrada para a zona do Forum Romano e o Monte Palatino, que não tivemos tempo para visitar).
Depois de duas horas na fila para o Coliseu e menos de metade disso a visitá-lo, estava na hora de almoçar e de mais uma nova fila! Desta vez para experimentar os tão famosos panini do All’Antico Vinaio. Na verdade, um panino foi suficiente para nós dois (um dos mais vendidos, o La Boss, que custa apenas 9€!) e valeu cada minuto que esperámos por ele. Ainda soube melhor acompanhado por umas cervejas enquanto apanhávamos sol em frente do Panteão.
Também este histórico monumento tinha entrada grátis (em vez dos normais 5€) mas a fila foi muito mais rápida. Aqui não há pequenas salas para visitar mas a maior cúpula do mundo. Isto num edificio que também é considerado o mais bem preservado dos tempos romanos.
O resto da tarde serviu para simplesmente vaguear por Roma, mais concretamente pela Via del Corso que é a maior avenida que têm, sobretudo dedicada a lojistas. Ainda fizemos um desvio pela Piazza di Spagna enquanto o sol se punha e o céu ficava pintado de rosa.
Chegava assim ao final a nossa primeira escapadinha oficial da nossa sabática. A caminhada até à estação fez-nos alcançar os 17 quilómetros diários de novo, totalizando 53 quilómetros em pouco mais de dois dias. Pelo meio ainda fizemos uma última paragem no B&B da Marta. Para além de nos ter gentilmente guardado as malas, ainda nos fez um desconto no preço do alojamento e ofereceu o livro guia de Roma que andámos a usar (o que está na foto da refeição no Pastaciutta) bem como um iman de recordação. Mais um testemunho de quão bons anfitriões podem ser os italianos!
Até à próxima!
Ricardo e Mar